Fala tecladista! Como você está? Aqui quem fala é o Augusto Canarin, do Aprenda Piano, e hoje nós vamos falar sobre algo um pouco assustador, o famoso TRÍTONO, ou como é conhecido popularmente: “som do diabo”.
Olhando através desse segundo nome, a situação já fica um pouco mais complicada não é mesmo?
Você vai estudar agora um conjunto de notas que, quando tocadas ao mesmo tempo, causam esse efeito e essa sensação mais “assustadora”.
A medida que você for conhecendo e entendendo o assunto você vai ver que é muito divertido e interessante, e que o “som do diabo” é apenas um nome chamativo, criado antigamente.
Está preparado para estudar? Vamos juntos agora! 😀
TRÍTONO: O QUE É?
Podemos resumir tudo em uma única frase:
Trítono é o intervalo entre duas notas, formado por três tons completos.
O próprio nome já diz isso:
- Tri = Três
- Tono = Tons
Traduzindo isso, temos que entre duas notas, se a distância for de três tons inteiros, temos a formação de um trítono.
Um exemplo prático para isso pode ser visualizado por meio de duas notas: Dó (C) e Fá sustenido (F#). Veja:
Entre as duas notas nós temos exatamente o intervalo de 3 tons. Vamos analisar nota por nota:
- Dó – Ré: 1 tom
- Ré – Mi – 1 tom
- Mi – Fá# – 1 tom
Quando tocadas ao mesmo tempo, essas duas notas, temos então o famoso trítono.
ESTUDO GERAL
Vamos agora, de uma forma bem prática, analisar algumas peculiaridades e características de um trítono e estudar um pouco mais do seu contexto.
O efeito do trítono tem completamente tudo haver com o conceito de dissonância na música.
Algo muito singular a respeito dessa sonoridade é que ela possui muito o efeito de instabilidade e tensão, precisando sempre ser resolvido em um acorde de repouso.
Essa é uma das partes que mais causa agonia ao ouvinte, um sentimento de angústia.
Nós temos um exemplo muito claro disso nos filmes de terror.
É incrível como apenas duas notas possuem o poder de causar tanto medo nas pessoas. A música tem poder em todos os sentidos.
Ao mesmo que duas notas possuem esse efeito, temos também acorde com a mesma característica.
ACORDES DOMINANTES
Além das notas, temos também os acordes dominantes contendo também um trítono.
Ele é o responsável pela sensação de “tensão” que a função dominante possui.
Que tal se nós analisarmos alguns desses acordes e conferir tudo de forma prática?
Então vamos lá: Acordes dominantes (5º grau com sétima menor)
Acorde de Dó com sétima menor (C7)
Notas do acorde: Dó – Mi – Sol – Sib
Entre as notas Mi e Sib, temos o intervalo de três tons, ou seja, um trítono.
Acorde de Sol com sétima menor (G7)
Notas do acorde: Sol – Si – Ré – Fá
Entre as notas Si e Fá temos também 3 tons de distância.
A análise que pode ser feita através disso é que:
Entre o 3º e o 7º grau dos acordes maiores com sétima menor (acordes dominantes), existe um trítono.
Algo muito interessante que podemos destacar no acorde de G7, é o efeito de escala cromática que ele possui.
O acorde de G7 é um acorde dominante que resolve em Dó maior. As notas que causam o efeito de trítono (si e fá) estão exatamente um semitom abaixo de dó e um semitom acima de mi, respectivamente.
Esse é o efeito cromático que faz ainda mais o acorde dominante ter a necessidade de se resolver na fundamental.
Outro acorde que também possui o mesmo efeito, é o famoso acorde meio diminuto.
ACORDE MEIO DIMINUTO
Caso você não saiba, o acorde meio diminuto é sempre um acorde menor com sétima menor e quinta bemol.
Esse é acorde também é conhecido como o sétimo de grau do campo harmônico maior.
Veja o exemplo com o acorde de Dm7 (b5):
Notas do acorde: Ré – Fá – Láb – Dó
Entre as notas Ré e Láb temos aquele famoso intervalo de três tons, formando assim um trítono.
Conseguimos analisar na prática, como funciona o efeito estudado e quais acordes possuem em sua estrutura o intervalo que causa o famoso “som do diabo”.
Mas e agora, você não está curioso para entender o porque desse nome tão assustador?
Veja só como tudo aconteceu!
SOM DO DIABO: HISTÓRIA
Há muitos anos atrás, acredita-se que o trítono foi proibido pela igreja ocidental por causar esse tal efeito assustador.
Essa sensação de medo e terror foi vista pela igreja como algo diabólico, pois tinha-se a ideia de que a música, criada por Deus, devia ser constituída apenas por som harmônicos e suaves, o que não acontece com o trítono.
Isso aconteceu na época da Idade Média (Século V – XV) , onde o trítono recebeu o nome “diabolus in musica“, ou seja, diabo na música.
Era estritamente proibido tocar músicas que tivessem a existência de um trítono, e caso acontecesse, os compositores e músicos eram condenado a morte na fogueira.
Analisando por meio de fatos históricos comprovador, não há nenhuma indicação de que realmente tudo isso aconteceu, dando a entender que tudo não passou apenas de um mito.
Não existe alguma comprovação sequer de que a igreja proibiu tal espécie de composição musical.
Mas de qualquer forma, atualmente ele é conhecido por esse slogan: som do diabo.
FINALIZANDO
E aí, o que você achou do “assustador” trítono? Muito fácil de entender, não é mesmo?
São assuntos como esse, que são ainda mais divertidos de estudar.
Por exemplo, agora você já sabe qual o embasamento necessário para se compor uma música de terror.
Para finalizar o nosso estudos, recomendo que você conheça os nossos cursos online e fique atento as novidades.
Forte abraço e bons estudos,
Augusto Canarin